Mosteiros da Batalha, de Alcobaça e o Convento de Cristo: cultura e história no centro de Portugal

Descubra as construções mais visitadas e que são reconhecidas como Patrimônio Mundial.

A vista externa do Mosteiro da Batalha: uma das sete maravilhas de Portugal

A vista externa do Mosteiro da Batalha: uma das sete maravilhas de Portugal

Iniciando 2014 com este último post da temporada sobre Portugal, a dica é fazer um tour pelas construções que fazem parte da “Rede dos Mosteiros Portugueses Patrimônio da Humanidade”, em que se encontram os maiores exemplos da arquitetura e da história portuguesa. São eles o Mosteiro de Santa Maria da Vitória – mais conhecido como Mosteiro da Batalha –, o Mosteiro de Alcobaça e o Convento de Cristo. Conheça alguns de seus detalhes e se prepare para mais um roteiro imperdível por terras lusitanas.

Mosteiro da Batalha

Principal representante da arquitetura gótica, o Mosteiro da Batalha está localizado a 110 km de Lisboa. As principais estradas que cortam o país garantem fácil acesso ao Mosteiro, que impressiona logo na chegada dos visitantes, por sua grandeza e beleza.

D. Nuno Álvares Pereira: homenagem ao guerreiro português

D. Nuno Álvares Pereira: homenagem ao guerreiro português

Sua construção teve inicio no final do século XIV como símbolo da batalha de Aljubarrota (saiba mais sobre a batalha em: http://www.fundacao-aljubarrota.pt/?idc=21) pois D. João I, em agradecimento à vitória ocorrida em 1385 no referido confronto, fez a promessa da construção do conjunto arquitetônico, que levou mais de 150 anos para ser concluída. Devido ao longo período de obras, o Mosteiro da Batalha apresenta características góticas, mas também manuelinas e renascentistas.

A admiração aos detalhes do Mosteiro se inicia já do lado de fora, onde podemos observar a arquitetura da construção e o monumento em homenagem a D. Nuno Álvares Pereira, nobre e guerreiro português que teve papel fundamental durante a batalha de Aljubarrota, sendo reconhecido em terras lusitanas e até mesmo por Camões em Os Lusíadas.

Exemplo da arquitetura dentro do Mosteiro

Exemplo da arquitetura dentro do Mosteiro

Ao nos dirigirmos a seu interior, nos surpreendemos com o pórtico de entrada e os ícones que dele fazem parte: papas, bispos e monges e, no centro, sentado sobre um trono, Deus é retratado, com riquezas de detalhes. A Igreja, ao ultrapassarmos a porta de entrada, mostra toda a sua magnitude aos turistas. Nesta primeira parte do Mosteiro não é necessário pagar o ingresso de entrada, basta admirar cada parte da arquitetura, com as três naves – alas centrais da igreja –  e o altar-mor. A grandeza desta parte do Mosteiro expressa o objetivo de afirmação do poder de D. João I, autor do projeto.

Os belos jardins vistos dos Claustros

Os belos jardins vistos dos Claustros

Já à direita da fachada principal, perca – ou melhor, ganhe – um bom tempo apreciando as belezas da Capela do Fundador, cuja obra foi concluída no século XV, e onde está localizado o primeiro local destinado a panteão régio em Portugal – templo devotado aos deuses. Ali também se localiza o túmulo de D. João I, de sua esposa e filhos.

Saindo pela nave principal, conhecemos os dois claustros, o Real e o D. Afonso V, que são corredores cobertos, construídos em geral em torno do pátio de um monastério. Os jardins e vitrais são detalhes que não devem passar despercebidos no Mosteiro, assim como a Casa do Capítulo, um espaço quadrangular com uma abóboda estrelada, de oito pontas. Era ali que os frades dominicanos escutavam os capítulos da regra monástica.

Sem o teto, as torres a céu aberto das Capelas Imperfeitas

Sem o teto, as torres a céu aberto das Capelas Imperfeitas

Já as Capelas Imperfeitas são famosas, como o nome já diz, por não terem sido concluídas, o que não as torna menos encantadoras. A construção se iniciou em 1434 por iniciativa de D. Duarte. Com a morte do rei e do arquiteto responsável, Huguet, a obra foi interrompida e reiniciada no reinado de D. Manuel, mas em 1516 foi abandonada novamente. A construção chama a atenção, pois não há a abóboda central, as torres estão a céu aberto e as sete capelas surpreendem por seus detalhes.

Dentro do Mosteiro há ainda homenagens ao povo português, bem como aos soldados da Grande Guerra, como a chama da pátria, que “arde eternamente com azeite votivo das oliveiras de Portugal”. A chama foi acesa em abril de 1924 pelo Ministro da Guerra, ao lado do túmulo raso de soldado desconhecido, e hoje é símbolo da coragem e dos homens que lutaram na 1ª Guerra Mundial.

Mosteiro de Alcobaça

Continuando o tour pelos mosteiros históricos, a próxima parada é o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, ou simplesmente, o Mosteiro de Alcobaça, que juntamente com o da Batalha está entre as sete maravilhas de Portugal.

A fachada principal do Mosteiro de Alcobaça. Créditos: olhares.sapo.pt

A fachada principal do Mosteiro de Alcobaça. Créditos: olhares.sapo.pt

Sua construção foi iniciada em 1178 e é mais um exemplo da grandeza da arquitetura em terras lusitanas, neste caso, a primeira com características góticas em Portugal. Localizado a 20 km da Batalha, e a 126 km de Lisboa, o Mosteiro de Alcobaça contribui para que os visitantes continuem a conhecer a história portuguesa, descobrindo cada detalhe local.

A Igreja, com 100 metros de comprimento, é grandiosa e bela, e é o local onde estão os túmulos de D. Pedro I (atenção, que este não é o mesmo D. Pedro que reinou no Brasil) e D. Inês de Castro. Protagonistas de uma das histórias de amor mais conhecidas de Portugal­­­, ocorrida durante o século XIV. O casal, conhecido como Romeu e Julieta portugueses, não teve o romance permitido pelo pai de Pedro, o rei D. Afonso IV, uma vez que o rapaz já estaria prometido à princesa D. Constança. Inês era a dama de companhia da noiva de D. Pedro I, e por ela foram deixadas todas as conveniências sociais: D. Pedro I não se importava com esses detalhes, apenas levado pelo amor que sentia por Inês.

Túmulo de Inês de Castro. Créditos: urbecarioca.blogspot.com

Túmulo de Inês de Castro. Créditos: urbecarioca.blogspot.com

Mas em 1355, a mando de D. Afonso IV, Inês de Castro foi decapitada, provocando a ira de D. Pedro I contra seu pai. Procurando honrar o nome de sua amada, anos depois, D. Pedro I declarou ter se casado anteriormente com Inês e, diz a lenda, fez coroar a rainha morta, fazendo com que a nobreza, que tanto havia desprezado a senhora, agora beijasse sua mão. O corpo de Inês de Castro foi sepultado no túmulo a que hoje temos acesso no Mosteiro, cujos detalhes se assemelham a rendas talhadas na pedra. Também sob a ordem de D. Pedro I, o seu futuro túmulo foi esculpido, frente ao de sua amada. Não sabemos se todos os detalhes desta história são reais ou apenas lendas, mas a linda história atrai ainda mais os olhares curiosos dos turistas aos túmulos.

Continuando a visita, a Sala dos Reis chama a atenção por seus azulejos de características rococó, além de um mural com a história do Museu de Alcobaça. Assim como no Mosteiro da Batalha, aqui também há um claustro, denominado D. Dinis, com lindos jardins.

Os jardins do Mosteiro de Alcobaça. Créditos: www. euandoasvoltas.blogs.sapo.pt

Os jardins do Mosteiro de Alcobaça. Créditos:  euandoasvoltas.blogs.sapo.pt

Outra parada obrigatória é a Capela Relicário, cujo interior é todo revestido de talha dourada. São 89 esculturas que compõem o ambiente, entre elas, ao centro, a da Virgem Maria. Já a cozinha, com a chaminé de características barrocas bem ao centro, e o refeitório, de naves abobadadas, também impressionam por sua grandeza e arquitetura, assim como a Sala dos Monges e a Sala do Capítulo, locais em que se reuniam os noviços e os monges.

Convento de Cristo

Localizado em Tomar, o Convento de Cristo é um dos representantes da Ordem dos Templários, ordem militar de cavalaria que existiu durante a Idade Média, combatendo durante as Cruzadas. O Convento de Cristo data de 1162, fundado por Gualdim Paes, grão mestre da Ordem dos Templários e apresenta características desse período que chamam a atenção dos turistas. O oratório templário é um dos exemplos. Outro detalhe é a janela manuelina, do período reconhecido como gótico português tardio, no início do século XVI, com exuberância de detalhes.

A Janela Manuelina Créditos: igespar.pt

A Janela Manuelina Créditos: igespar.pt

Aproveite o passeio para admirar o Claustro Principal, considerado obra prima do período da Renascença em Portugal. E para conhecer ainda mais a história do local, em meio a uma bela paisagem, não deixe de visitar a Mata dos Sete Montes onde, em 1160, foi fundado o Castelo de Tomar como sede militar dos Templários, se transformando, posteriormente, em um reduto da milícia dos Cavaleiros de Cristo (fonte: http://www.conventocristo.pt).

Mas sem dúvidas um dos símbolos da região é o Aqueduto do Convento, que tinha o objetivo de levar água ao Convento e às terras locais. A obra foi encomendada ao arquiteto Filipe Terzi, e concluída no século XVII, sendo que seus arcos chamam nossa atenção até hoje.

O Convento de Cristo em Tomar. Créditos: arte.vmribeiro.net

O Convento de Cristo em Tomar. Créditos: arte.vmribeiro.net

São 45 hectares, abrangendo o Castelo Templário, o Convento de Cristo e a Mata dos Sete Montes, com diversos exemplos de pura arte e arquitetura de diferentes épocas: características góticas, românicas, manuelinas, renascentistas e maneiristas. Belezas, cultura e história não faltam neste último patrimônio do tour.

 

Faça o tour completo e ganhe desconto

Quem opta por conhecer os três, conhecendo a Rede dos Mosteiros Portugueses Patrimônio da Humanidade, tem um desconto na compra dos ingressos, que pode ser efetuada no Mosteiro da Batalha, de Alcobaça ou no Convento de Cristo por 15 euros. O bilhete individual, para cada monumento, custa 6 euros.

Como chegar:

O Mosteiro da Batalha: a vista em um de seus claustros

O Mosteiro da Batalha: a vista em um de seus claustros

Batalha: O acesso mais fácil se dá pelas estradas: A8 Lisboa/Leiria, A1 Lisboa/Porto – saída Fátima/Batalha, A19 Leiria / Batalha, IC2 Lisboa/Porto – saída Batalha, IC9 Tomar/Nazaré – saída Batalha.

Estando na cidade, há ônibus interurbanos, co saída no Largo 14 de Agosto.

Alcobaça: Prefira conhecer o Mosteiro chegando a partir das seguintes estradas: a partir de Lisboa ou Leiria – A8 até à indicação de saída para Alcobaça/Nazaré/Valado dos Frades, depois pela Estrada Nacional 8-5 em direção a Alcobaça. Em alternativa é possível também chegar a Alcobaça via A1 (saída de Leiria, para quem vem do Norte, e Aveiras, para quem vem do Sul) e/ou IC2.

Tomar: Através do trem, vindo diretamente de Lisboa, via Entroncamento (aproximadamente duas horas de viagem).

A riqueza da arquitetura de um dos Mosteiros, o da Batalha

A riqueza da arquitetura de um dos Mosteiros, o da Batalha

E pelas estradas: A partir de Lisboa – A1, até ao km 93. A partir do Porto – A1, até ao km 198. Saída 7 para a A23 – Torres Novas. Na A23, saír para o IC3 e nesta via viajar até à indicação de saída para Tomar pela N 110. (trajecto mais curto – acesso sul).

Caso opte pela Estrada Nacional (sem os pedágios da A1): a partir de Leiria – N 113 / IC9; a partir de Coimbra – EN 110.

# Saiba mais e verifique os horários de funcionamento de cada Mosteiro em:

www.mosteirobatalha.pt

http://www.mosteiroalcobaca.pt

http://www.conventocristo.pt

# Conheça mais sobe os monumentos em:

http://www.igespar.pt/pt/monuments/38/

Um dos pontos mais procurados por turistas no centro lusitano: o Mosteiro da Batalha

Um dos pontos mais procurados por turistas no centro lusitano: o Mosteiro da Batalha

Os jardins no Mosteiro da Batalha

Os jardins no Mosteiro da Batalha

Homenagem ao povo português:  as honras aos soldados mortos em combate no Mosteiro da Batalha

Homenagem ao povo português: as honras aos soldados mortos em combate no Mosteiro da Batalha

No claustro do Mosteiro da Batalha, as belezas arquitetônicas

No claustro do Mosteiro da Batalha, as belezas arquitetônicas

Túmulo de D. Pedro I no Mosteiro de Alcobaça. Créditos olharvianadocastelo.blogspot.com

Túmulo de D. Pedro I no Mosteiro de Alcobaça. Créditos olharvianadocastelo.blogspot.com

A Igreja no Mosteiro de Alcobaça e sua grandiosidade. Créditos: viaggiando.com.br

A Igreja no Mosteiro de Alcobaça e sua grandiosidade. Créditos: viaggiando.com.br

As belezas interiores do Convento de Cristo. Créditos: comoviaja.com.br

As belezas interiores do Convento de Cristo. Créditos: comoviaja.com.br

A Mata dos Sete Montes, natureza e história em Tomar Créditos: olhares.sapo.pt

A Mata dos Sete Montes, natureza e história em Tomar Créditos: olhares.sapo.pt

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